Retiro Santo Inácio – Um Homem, Um Santo. Dia 11
8 de julho de 2020

10 – “Era conduzido por caminhos antes inimagináveis…”

Para ser grande sê inteiro: nada teu exagera ou exclui. Põe quanto és no mínimo que fazes. Assim, em cada lago, a lua toda brilha, porque alta vive.”

(Fernando Pessoa)

O que fascina em S. Inácio é sua pluralidade, sua universalidade, sua vida muito rica de diversidades, de interesses, de experiências… mas ao mesmo tempo profundamente integrada em torno de um eixo.

Inácio é uma pessoa multifacetada e, ao mesmo tempo, profundamente unificada.

Só uma existência polarizada em torno de uma presença é capaz de arrancar o ser humano do sentimento de dispersão que o divide interiormente. Trata-se de uma unificação interior que se opera em torno da presença e ação de Deus, em Jesus Cristo.

Para S. Inácio, só encontraremos nossa unidade interior no dia em que pusermos nosso centro de “gravidade” em Deus. A nossa existência tomará então uma solidez e uma estabilidade que se enraizarão na eternidade.

Dai-me o vosso amor e a vossa graça, que isso me basta” (EE. 234)

Ninguém como Inácio viveu a experiência de Deus como a experiência de um Deus Maior, sempre maior. Deus não tem tamanho para S. Inácio. E, no entanto, ele vê a revelação desse Deus privilegiadamente no menor Deus é maior porque se faz menor.

Em Jesus Cristo, Deus assume a condição humana, “entra” nas dimensões mais negativas, humildes e difíceis da condição humana. Entra na “vulnerabilidade” da humanidade; entra no caminho menor.

É essa experiência que dá a Inácio a flexibilidade de ir do máximo para o mínimo e no mínimo encontrar o máximo, que no fundo é o segredo de “encontrar Deus em todas as coisas”.

Esse é um dos traços característicos da personalidade de Inácio: não ser detido pelo máximo.

Nenhum ideal lhe parecia suficientemente grande. E saber concretizar isso no mais humilde, no aparentemente mais insignificante. E crer que ali está contido aquele horizonte universal.

Não ser intimidado pelo máximo e caber no mínimo.

Essa capacidade de encontrar o máximo no mínimo gera audácia, criatividade, originalidade, “estraneidade”… Tudo passa a ter valor, tudo tem sentido, tudo é sagrado.

Cada detalhe da vida se integra e se enriquece no conjunto; o cotidiano fica iluminado pela eternidade… Tal experiência está situada no umbral, nos limites, nas raízes mais profundas do nosso ser, onde Deus nos espera.

Daqui nasce:

– uma atitude positiva frente o universo criado, um olhar de esperança, de ternura, de cuidado amoroso…

– uma visão ampla, universal, que relativiza os particularismos, integra os detalhes no todo, busca o maior bem;

– uma grande confiança no ser humano e em sua capacidade criadora;

– uma consciência de que o mundo e o projeto humano são o lugar do projeto divino;

– o senso de responsabilidade na transformação do universo em caminho de vida;

– o impulso a fazer “mais”, sempre “mais”, pondo o coração naquilo que faz;

– a disposição para ser “contemplativo na ação”, encontrando Deus em todas as coisas.

Passos para a oração

l. Comece sempre relacionando-se bem consigo mesmo: escuta atenta, próxima, acolhida…

2. Tome consciência das mensagens que vem de seu corpo, de sua mente, de sua pessoa…

3. Busque uma postura física que favoreça o relaxamento e concentração…

4. Texto bíblico: Mt 6,25-34

5. Na oração: descubra o significado profundo da vida cotidiana mais simples: trabalho, família, relações, rotina… O Reino se revela no pequeno, no anônimo… Ele está misteriosamente se realizando em cada um de nós, na “normalidade da vida”.

Rezar um “dia típico” de sua vida (olhar, escutar, observar…). S. Inácio nos propõe 2 atitudes diante do ritmo da vida: Pureza de intenção e doação total de si.