A predileção pelos pobres e a promoção da justiça
7 de janeiro de 2020

João Paulo II, (Exortação Apostólica Vita Consecrata, No 82)

 

Ao início do seu ministério, na sinagoga de Nazaré, Jesus proclama que o Espírito O consagrou para levar aos pobres uma boa nova, para anunciara libertação aos cativos, devolver a vista aos cegos, libertar os oprimidos e proclamar um ano de graça do Senhor (cf. Lc 4,16-19). A Igreja, assumindo como própria a missão do Senhor, anuncia o Evangelho a todo o homem e mulher, preocupando-se pela sua salvação integral. Mas, com uma atenção especial, uma verdadeira “opção preferencial”, ela dirige-se a quantos se encontram em situação de maior debilidade e, consequentemente, de maior necessidade. “Pobres”, nas várias acepções da pobreza, são os oprimidos, os marginalizados, os idosos, os doentes, as crianças, todos aqueles que são considerados e trata dos como “últimos” na sociedade.

A opção pelos pobres inscreve-se na própria dinâmica do amor, vivido segundo Jesus Cristo. Assim estão obrigados a ela todos os seus discípulos; mas aqueles que querem seguir o Senhor mais de perto, imitando as suas atitudes, não podem deixar de se sentirem implicados de modo absolutamente particular em tal opção. A sinceridade da sua resposta ao amor de Cristo leva-os a viver como pobres e a abraçar a causa dos pobres. Isto comporta para cada Instituto, de acordo com o seu carisma específico, a adoção de um estilo de vida, tanto pessoal como comunitário, humilde e austero. Apoiadas pela vivência deste testemunho, as pessoas consagradas poderão, nos modos adequados à sua opção de vida e permanecendo livres relativamente às ideologias políticas, denunciaras injustiças que são perpetradas contra tantos filhos e filhas de Deus, e empenhar-se na promoção da justiça no ambiente social onde atuam. Deste modo, renovar-se-á também nas situações atuais, graças ao testemunho de inúmeras pessoas consagradas, aquela dedicação própria dos fundadores e fundadoras, que gastaram a sua vida a servir o Senhor, presente nos pobres. Na verdade, Cristo “encontrasse, na terra, na pessoa dos seus pobres…” (S. Agostinho) …O Senhor encontrado na contemplação é o mesmo que vive e sofre nos pobres.