Regras para ajudar o discernimento espiritual – 1ª Semana
A. A ação do bom e do mau espírito conforme a situação de vida das pessoas
01. EE. 314 – Para as pessoas que estão indo de mal a pior ou relaxamento na vida espiritual, mediocridade, isto é, estão vivendo uma situação de opção fundamental contra Deus:
– o bom espírito: provoca remorsos, inquieta a consciência;
– o mau espírito: faz sentir prazeres aparentes, excita a imaginação, fazendo a pessoa enrolar-se mais e mais na situação de pecado.
02. EE. 315 – Para as pessoas que estão indo de bem para melhor ou que já entraram no processo de conversão (pessoas que estão buscando crescer na descoberta de Deus e que já fizeram uma opção fundamental por Deus, pelo bem; pessoas que procuram expressar a fé na vivência do amor):
– o bom espírito: provoca ânimo, forças, esperança, alegria, paz, consolações, inspirações, tranquilidade, removendo todos os impedimentos para que a pessoa continue nos caminhos de Deus;
– o mau espírito: coloca oposições, inquieta com falsas razões, provoca desânimos, confunde, entristece, tira a esperança.
B. O que é CONSOLAÇÃO e DESOLAÇÃO espiritual
03. EE. 316 – A consolação espiritual: é a experiência interna da presença amorosa de Deus; experiência da visão de si mesmo, dos outros e de toda a realidade à luz de Deus;
– é a experiência interna de impulsos de amor a Deus provocados pela experiência de ser amado por Deus (Deus que me ama perdoando; Deus que manifesta seu amor através de alguma experiência positiva ou que me faz descobrir o positivo em alguma experiência negativa);
– é todo aumento de fé, esperança e amor; experiência de dilatação interior na fé, confiança e abertura para Deus e para os outros;
– é toda alegria interna que nos atrai para as coisas de Deus, para o bem, para o amor;
– é toda tranquilidade e paz profunda sentidas em Deus.
04. EE. 317 – A desolação espiritual: é o oposto da consolação espiritual. É a experiência interna da “distância de Deus”; é a perturbação do coração, inquietação, inclinação para os falsos valores, impulso para a desconfiança, desesperança e desamor;
– é toda tristeza interna que nos afasta das coisas de Deus;
– é todo desânimo de continuar lutando pelo bem;
– é toda inquietação devida à sensação de ausência ou silêncio de Deus;
– é a experiência de falta de sintonia com o que é bom em si.
C. Como proceder na DESOLAÇÃO
05. EE. 318 – Nunca tomar decisões quando estiver desolado; manter-se firme nos bons propósitos (alguém perdido num mato escuro, à noite, não vai para a direita nem para a esquerda, mas espera o novo dia para caminhar).
06. EE. 319 – Na desolação, não se desanimar, mas lutar contra, reagir:
– intensificar a oração; examinar mais a consciência buscando as causas da desolação;
– fazer penitência (intensificar a caridade; sacrificar-se mais pelos outros…).
07. EE. 320 – Quem estiver desolado, lembre-se de que Deus permite um tempo de provação para purificar o amor. Lembre-se de que Deus nunca nos abandona, mesmo quando o sentimos distante.
08. EE. 321 – Quem estiver desolado seja paciente. Acredite que em breve tudo passará e novamente estará consolado. Cultivar a paciência ativa e a esperança.
09. EE. 322 – As causas da desolação são 3, sendo uma da nossa parte e duas da parte de Deus:
a) debilidade, preguiça ou negligência no nosso relacionamento com Deus;
b) Deus nos permite provações para nos fazer ver até que ponto chega o nosso amor. Faz-nos notar que devemos buscá-lo porque é bom, e não apenas pelos efeitos consoladores da sua presença (o que poderia ser, no fundo, busca de nós mesmos);
c) Deus que deseja fazer-nos crescer na compreensão da gratuidade do seu amor; a consolação é dom que Ele nos concede por pura bondade e amor, gratuitamente;
D. Como proceder na CONSOLAÇÃO
10. EE. 323 – Quem estiver consolado prepare-se para enfrentar a desolação que possivelmente virá.
11. EE. 324 – Quem estiver consolado seja humilde, reconhecendo sua pequenez e a grandeza de Deus.
Quem estiver desolado seja forte, acreditando que Deus ainda lhe está concedendo forças suficientes para resistir às oposições e continuar fazendo o bem.
E. Para conhecer melhor o modo de agir do mau espírito
12. EE. 325 – Nunca se deixar abater pelas oposições, obstáculos, mas enfrentá-los com força e coragem.
13. EE. 326 – Desmascarar as tentações e oposições externas ou internas comunicando-as a alguma pessoa mais experiente nos caminhos de Deus. O segredo nos enrola mais e mais em nós mesmos e nos impede de atingir a libertação do mal.
14. EE. 327 – Conhecer-se a si mesmo, principalmente tendo bastante clareza dos pontos mais fortes e dos pontos mais fracos. Nossos pontos fracos serão sempre uma ameaça ao nosso crescimento para Deus.
Portanto, ser prudente em não se expor a situações que incidem sobre os pontos fracos.
Mas a vida espiritual não é só estados intensos de consolação e desolação.
Entre a consolação e a desolação há um tempo tranquilo (paz, serenidade, bem-estar…) onde não há uma intensidade fora do normal.
É o mais normal na vida espiritual.
O tempo tranquilo se aproxima mais da consolação.
Também o tempo tranquilo pode se aproximar da desolação, embora não seja uma ausência de Deus.
Uma certa aridez, secura… mas não é um estado intenso.
Afetos: nível psicológico x nível espiritual.
O mesmo termo é usado, tanto psicologicamente quanto espiritualmente.
Nos EE., o afeto provém do nível mais profundo do eu (nível da fé); aí não entra a psicologia.
O afeto puramente psicológico não é capaz de aderir a Jesus Cristo e à sua causa.
Só no nível mais profundo (fé) o afeto adere a Jesus Cristo; estamos no nível do coração.
Um sentimento não é um fenômeno puramente afetivo, senão que se define como organização de pensamentos e sentimentos dirigidos a um objeto valorado.
Um sentimento é um estilo de existir, uma maneira de relacionar-se com a vida.