11 – Jesus, homem do silêncio
“No princípio era o Verbo… depois, só verbos”.
A verdade é um “Poema que se fez carne”, o corpo de Cristo,
presente e escondido em todo o universo.
“O ensino sobre Cristo começa com o silêncio”
(Bonhoeffer)
O silêncio ocupa lugar importante na vida e missão do homem-Jesus; acima de toda sabedoria humana, Ele nos revela a verdadeira dimensão do silêncio.
Os silêncios de Jesus são palavras tão importantes quanto o ensinamento que Ele nos deixou.
Jesus guardou silêncio durante 30 anos para fazer fecunda sua curta pregação. Sabia que a palavra fecunda se engendra no silêncio e nele se refugiava para não esterilizar-se.
A propósito da Encarnação de Cristo, S. Paulo fala da “revelação de um “mistério que estava envolvido no silêncio desde os tempos eternos; agora, porém, foi manifestado e dado a conhecer a todos os gentios” (Rom 16,25-26).
A encarnação do Amor na trama do cotidiano não faz ruído. O silêncio de Nazaré vem a ser uma formidável Palavra de revelação acerca do mistério de Deus entre nós.
Ao longo de seu ministério público Jesus manifesta o papel essencial do silêncio na vida de todo discípulo (Mc 1,35; Jo 6,15; Lc 5,15-16).
O silêncio da oração lhe é indispensável para garantir a pureza de sua missão e atender às suas exigências. Jesus não procura o silêncio pelo silêncio, mas para manter um diálogo filial com Aquele que habita seu coração, seus pensamentos, seus atos, sua oração e que o envia: Deus, seu Pai.
Ele considera que o tempo de silêncio diante do Pai é tão vital quanto o ar que Ele respira para viver.
No silêncio da oração, abre-se ao Pai, a seu desígnio de amor.
Este silêncio não é, portanto, uma evasão, uma “fuga do mundo”, mas enraizamento que permite a Jesus ir mais adiante, mais longe, “a outros lugares”.
O silêncio mais eloquente do Evangelho é o de Jesus durante sua Paixão e Morte (Mc 14,61; Lc 23,9; Mc 15,5; Mt 27,12-14).
Quando Pilatos pergunta para Jesus: “O que é Verdade?… Ele não responde. Assume a atitude provocante agressiva do silêncio. A verdade não se prova com a palavra, mas com o silêncio.
Embora diga algumas palavras na Cruz, Ele é essencialmente silêncio.
O silêncio deste homem crucificado torna-se Palavra dilacerante, perturbadora.
“Deus tudo diz, quando se cala para morrer!”