Fé: crer para ver
4 de fevereiro de 2019

Fé: crer para ver

Adroaldo Palaoro, SJ

 

“Se vocês tiverem fé do tamanho de uma semente de mostarda…”

(Mt 17,20)

 

Quando o ser humano vive afastado do mistério da Criação, do grande mistério da vida e da morte, da vertigem do Infinito, “perde o melhor da festa”: passa pela vida como um turista tolo que devora quilômetros, de olho no mapa, sem “olhar” para a paisagem.

Ter fé é encarar de frente o mistério. A fé é um “encantamento”, “mergulho” confiante no infinito Amor de Deus, que aos poucos se manifesta nas coisas simples da vida a quem decide acolhê-lo com amor. Fé e encantamento andam sempre juntos.

Ter fé não é ter certeza absoluta; é estar aberto aos desafios que a vida apresenta em confronto com nossa consciência e com a Palavra de Deus. Não existem respostas prontas. A fé provo­ca questionamentos, perguntas, apresenta pistas, convida à ampla reflexão, ao profundo mergulho no mais íntimo de si, para que, pela experiência, encontre as próprias respostas.

A experiência bíblica de Deus se caracteriza pela constante purificação e atitude de busca. A Bíblia apresenta a experiência de um povo que sente sede de Deus, busca a Sua Face, é peregrino, acredita, se revolta, fabrica ídolos… Mas, no trajeto de sua caminhada, experimenta que Deus é o Deus da vida, da alegria, da festa… É o Deus do relacionamento e da intimidade; o Deus livre para homens livres que constroem a própria história; o Deus presente na história como libertador.

A fé é, pois, caminhada, movimento de abertura para o Pai, admirando-se e encantando-se com as novas descobertas e com os “mistérios” que se encontram dentro da pessoa e ao seu redor. Fé é viver em “terra de andanças”, “saber armar a tenda”… Sair da própria segurança, da comodidade do que é conhecido… É “entrar” em uma terra nova, em um mundo (interior e exterior) que se abrirá na medida de nossa resposta.

Texto Bíblico: ao invés de Heb 11,1-40. A fé é como que possuir antecipadamente aquilo que se espera; ela engaja minha existência naquilo que não é visível e palpável, mas tão real que atrai o mais profundo do meu ser.